O MUNDO DOS INVISÍVEIS
Ela está no sinal de trânsito, seu corpo esquio, cabelo desgrenhado, tentando vender um pacotinho de balas para os “doutores” que passam impacientes nos seus carros.
De repente ela deixa tudo de lado e sentando-se na calçada chora convulsivamente. Ninguém percebe o seu sofrimento, os carros se desviam para não passar por cima de suas pernas e se vão.
Os seus colegas de trabalho continuam tentando vender refrigerantes, água, mata-mosquitos, suporte para celulares e GPS e ela permanece sentada com o seu frágil corpo sendo balançado pelos soluços intensos.
Paro mais à frente e volto para conversar com aquela menina. Descubro que o seu nome é Eliana, que tem um filho, que ela saiu de casa aos doze anos para não mais ser espancada por seu padrasto alcoolizado, que ela perdeu o emprego e que mantem o seu filho vendendo balas na rua.
Pergunto-lhe o que posso fazer para ajudar e, para minha surpresa ela diz: “se toda vez que o doutor passar por aqui, parar e me chamar pelo nome me fará muito feliz por saber que eu existo que sou alguém!”.
Passei a fazer isso e, nos dias que se seguiram passei a ver uma Eliana sorrindo, com os cabelos arrumados, com brilho nos olhos e, por eu chama-la pelo nome, vários motoristas fazem o mesmo.
A Eliana agora é vista por todos e conhecida de muitos, mantem sua família com dignidade e frequenta uma igreja próxima à sua casa.
Não sei se você é um “doutor” ou alguém como a Eliana, não importa, há um Deus no Céu que se importa com cada um de nós, que nos vê e nos conhece pessoalmente, independentemente de nossa posição social, nosso poder aquisitivo ou a importância que julgamos ter.
Quantas “Elianas” cruzam o nosso caminho diariamente e nós as ignoramos, não paramos para ouvir-lhes, nos desviamos por medo ou por estarmos tão ocupados com o nosso mundo que já não nos importamos com o próximo que foi assaltado e ferido no caminho?
Quantas “Elianas” estão dentro das casas, nas faculdades, no ambiente de trabalho e até mesmo dentro das nossas igrejas. Pessoas que não são notadas, que não se dá importância, que não são ouvidas, que não se sabe o seu nome, que não se percebe a ausência, que não ocupam espaço em nossa vida.
Não desista “Eliana”, mesmo que ninguém te veja, mesmo que ninguém se importe contigo, mesmo que ninguém saiba o teu nome, Deus se importa com você e quando você menos esperar ele vai mudar a tua história porque ele nunca te esqueceu. É Ele que te tem sustentado em todos esses anos e te tem orientado no deserto por onde você tem andado.
O Deus eterno, Senhor de todas as coisas, te conhece pelo nome, sabe de todas as tuas dores, conhece a tua solidão e vai enviar o seu anjo que sentado ao teu lado vai te abraçar e te perguntar: o que posso fazer por você?
A Bíblia diz: “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti”.
Graça e paz!