lixões

Andando pelas ruas da minha cidade vejo lixo amontoado em todos os lugares: nas ruas, nas calçadas, nos terrenos não ocupados. Observo que isto não acontece somente em minha cidade, mas ao que parece, em todas as cidades cujos prefeitos não foram reeleitos.

Vejo nesses lixões a céu aberto, muita coisa que poderia ser reciclada e voltar a ser utilizada, mas que estão misturadas com resíduos que contaminam o meio ambiente tornando todo aquele lixo inútil.

Em nosso viver diário também produzimos lixos emocionais, sentimentais, espirituais, existenciais e a minha pergunta é: o que estamos fazendo com esse lixo?

Há lixo em nossa vida que pode e deve ser reciclado, dando-lhe um novo fim proveitoso. São experiências que nos ajudarão em dias vindouros. São lembranças agradáveis que guardaremos em nossa memória.

Há, contudo, rejeitos que temos que jogar no lixo. São lembranças ou sentimentos que não nos serão úteis. São coisas ou lembranças que só ocupam espaço sem nenhum sentido, impedindo a chegada do novo ou contaminando-o.

Já que elegemos novos rumos para nossa vida, vamos então, dar uma faxina no passado. Reciclando o que é para ser reciclado e desprezando definitivamente o que se tornou inútil em nossa vida.

Para que haja espaço para as novas decisões e para que elas não sejam contaminadas pelo passado que nos envergonha nos faz sofrer, nos deprime ou nos decepciona é preciso separar o útil do inútil.

Assim como há coisas que nos foram úteis no passado, mas que agora não nos servem mais, também há sentimentos que devem ser deixados para traz, que já não há lugar para eles no presente e que, portanto devem ser substituídos.

Se ocuparmos os espaços deixados pelo que foi para o lixo com o novo, o agradável, o que dá prazer, não viveremos lamentando ou sofrendo com a ausência daquilo que um dia nos foi útil e prazeroso, mas que se foi, quer por se ter tornado obsoleto, por ter apresentado defeitos incorrigíveis ou porque alguém roubou em um momento de descuido nosso.

Se conservarmos o lixo na calçada o seu mau cheiro nos incomodará. Se não ocuparmos o espaço deixado pelo que se foi estaremos ancorando a nossa vida a um passado que se faz presente e nos impede de conquistar o futuro.

“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.”